terça-feira, 18 de novembro de 2008

The breath

Dia de chuva. Dia nublado, neve, ar cinza sabor Europa. Trilhos de trem. Uma conversa.
- O senhor poderia me informar se mais alguém passa por estes trilhos desertos todos os dias?
Um olhar desconfiado, mas polido.
- Que eu saiba, não senhor. É um caminho solitário, sempre ando por aqui todas as manhãs e nunca vi ninguém por estas redondezas.
Alguns segundos em silêncio. E parecendo não se importar com o que o homem diz.
- Qual seu nome?
- Todos me chamam de Unsterblich. Fui para duas guerras mundiais e ainda estou aqui, por isso esse apelido.
- É que eu acho que estou perdido. É a minha primeira vez aqui na Alemanha depois dos acontecimentos da decada de quarenta. Muita coisa mudou desde lá - diz com olhos negros fixos.
- As bombas não caem mais do céu, a fúria nos olhos ainda existe, mas são poucos. Já que aqui ficavam concentrados os exercitos da Alemanha em 1942, poucos querem passar por estas bandas.O medo pôs mais descência em seus caráters. É uma sorte tremenda ainda estarmos vivos. Eu estar vivo.
- Entendo! - disse.
Retribuindo o olhar, diz.
- O senhor está indo para onde?. Por que todas essas perguntas? O que te atraz aqui. É alguém do novo governo? Do estrangeiro?.
- Algo assim - balbuciou. - Na realidade, as perguntas foram apenas para passar o tempo. Seu nome é que era a rasão de eu estar aqui.
Num breve momento, o brilho nos olhos desaparece, deixando um rastro de um branco opaco. E neste caminho, por entre os trilhos de antigos trens nazistas, a única coisa que sobrou foram as pegadas na neve de um sujeito de poucas palavras, misterioso. Uma tal de morte.

Um comentário:

'De. disse...

De alguma forma isso me remeteu à menina que roubava livros :}
Você escreve bem, Fox. :}