segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

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Reticências me parecem mais apropriadas para começar uma frase.
Começar com um ponto abrevia muito as coisas.
Uma vírgula nos deixa confusos.
Um ponto de interrogação é clichê demais.
Uma exclamação define, mas limita.

Com o canto dos olhos eu percebo que gostaria que não houvessem nenhum ponto.
Soaria mais espontâneo. Você cria suas próprias regras para se expressar.
Ninguém deve dizer como você tem que dizer.
A graça nisso tudo é nem olhar o que se escreve, não arrumar erros de português, deixar aquela palavra sem a letra que você esqueceu de digitar, não pensar no que quer dizer.
Contradiga-se mil vezes, não importa. Passar pro papel um texto revisado é quase limitar tudo que sua cabeça produz. Você pode jogar fora boa parte de uma coisa que poderia ser o que realmente gostaria de dizer.

Bata desesperadamente no teclado. Cole palavras aleatórias de um site. Pegue a frase mais sem sentido de uma letra de música de uma banda que você nunca escutou. Deixe de escrever o que você pensou em escrever.
As vezes eu imagino um texto inteiro na minha mente, e escrevo-o totalmente diferente.

Eu queria que você soubesse o que estou pensando agora, de verdade.
Acho que você gostaria. Seriam verdades que você já conhece, mas sempre de uma forma diferente. Quem sabe em Russo? Prefere Polonês? Em sussurros?

É a desvantagem de não poder dizer por hora, e as letras precisam carregar esse carma de nunca serem suficientes.

Eu começo uma frase usando reticências.
Mas não há exclamações, interrogações, aspas.
Não há o ponto final.
E espero não precisar nunca mais de uma vírgula.