Reticências me parecem mais apropriadas para começar uma frase.
Começar com um ponto abrevia muito as coisas.
Uma vírgula nos deixa confusos.
Um ponto de interrogação é clichê demais.
Uma exclamação define, mas limita.
Com o canto dos olhos eu percebo que gostaria que não houvessem nenhum ponto.
Soaria mais espontâneo. Você cria suas próprias regras para se expressar.
Ninguém deve dizer como você tem que dizer.
A graça nisso tudo é nem olhar o que se escreve, não arrumar erros de português, deixar aquela palavra sem a letra que você esqueceu de digitar, não pensar no que quer dizer.
Contradiga-se mil vezes, não importa. Passar pro papel um texto revisado é quase limitar tudo que sua cabeça produz. Você pode jogar fora boa parte de uma coisa que poderia ser o que realmente gostaria de dizer.
Bata desesperadamente no teclado. Cole palavras aleatórias de um site. Pegue a frase mais sem sentido de uma letra de música de uma banda que você nunca escutou. Deixe de escrever o que você pensou em escrever.
As vezes eu imagino um texto inteiro na minha mente, e escrevo-o totalmente diferente.
Eu queria que você soubesse o que estou pensando agora, de verdade.
Acho que você gostaria. Seriam verdades que você já conhece, mas sempre de uma forma diferente. Quem sabe em Russo? Prefere Polonês? Em sussurros?
É a desvantagem de não poder dizer por hora, e as letras precisam carregar esse carma de nunca serem suficientes.
Eu começo uma frase usando reticências.
Mas não há exclamações, interrogações, aspas.
Não há o ponto final.
E espero não precisar nunca mais de uma vírgula.
segunda-feira, 9 de dezembro de 2013
quarta-feira, 7 de agosto de 2013
Sono #3
ele abria os braços como se fosse abocanhar o mundo. Absorvia tudo que lhe era exposto. Tudo que era bom e ruim, amargo e doce, visível ou não, a luz que entra pela fresta da cortina e bate nos seus olhos. Era assim que ele se levantava quando o despertador tocava, aparentando pesar 2 toneladas a mais do que quando levantou ontem (ele sempre esquecia de como acordava no dia anterior) e com a impressão de que acordará do mesmo modo amanhã (ele sempre esquecia de como acordava no dia anterior).
domingo, 14 de julho de 2013
Thinking, thinking, thinking...
Correndo ou pedalando, pelo menos
para mim, é uma boa maneira de se parar pra pensar nas coisas.
Parece que a cada passada ou
pedalada ideias, lembranças e pensamentos surgem, um atrás do outro.
E como são muitas pedaladas, se
pensa muito. E isso tá sendo rotina praticamente.
Pensa-se nas coisas erradas que
fez, nas coisas que poderia ter feito pra desviar a situação para outro
caminho, nas coisas que deveria ter demonstrado mais valor, e assim, vai,
pensando e pensando durante minutos, horas, quase um dia inteiro.
A gente se limita às vezes a
pensar que o que foi feito não pode ser revertido, que certas coisas não
possuem duas chances iguais. Não tem como saber se isso é certo ou não, pois
cada minúscula coisa pode desencadear infinitas possibilidades.
Essa semana eu errei, errei feio.
Tive o pote de ouro que sempre quis já faz anos, mas o tomei com tanta vontade
e agressividade que acabei acabando com ele todo, não sobrando nada pra
continuar matando minha sede.
Hoje olhando a fogueira no
acampamento, pude analisar uma coisa:
Todos se espantam com a beleza
das chamas de uma fogueira. Todas aquelas labaredas enormes se levantando no
céu, em tons azuis e amarelos, um efeito que é deslumbrante a quase todos que
consegue parar por um tempo pra apreciá-la.
Mas quase ninguém vê que as
chamas consomem tudo muito rápido. Devora tudo que lhe serve de alimento, com
grande esplendor, mas muito depressa. Toda fogueira precisa de suas chamas, é
claro, mas em moderação. O fogo acaba rápido e o que sobra são apenas cinzas,
sem mesmo ter criado brasas.
Essa sim é a essência de uma
fogueira. A brasa que, depois das chamas se vão, é o que mantém o fogo vivo.
Vermelha e incandescente, ela perdura por muito tempo, consegue manter uma temperatura
controlada, assim queimando devagar tudo que lhe é posto como alimento, sendo
muito mais útil do que meras chamas gigantescas.
Olhando para um céu com Lua
Crescente e sem nuvens foi possível ver muitas estrelas e constelações dessa
vez. Pude ver o Cruzeiro do Sul com muita nitidez e várias outras, como
Escorpião, Libra, um satélite artificial e até uma estrela cadente.
É muito mais fácil ver em uma
noite com Lua amena do que em Lua Cheia. Ela tira a atenção e todo o brilho das
estrelas desaparece para que a sua luz ilumine tudo. Monopoliza seu tempo, sua
beleza, tendo todo o céu para ela. Não deixa espaços para que outras coisas
também possam brilhar, mostrar suas habilidades.
Depois de muito tempo, parece que
essa viagem do fim de semana valeu bem a pena.
Pude ver muitas estrelas,
apreciar as brasas, e por fim, parece que dei 2 voltas ao redor do mundo,
pedalando.
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